Documentário Carmélia Alves – A Rainha do Baião

Acervo Arquivo Nacional / 1959 / Fundo Correio da Manhã

Filme curta metragem da série : Projeto Memórias: Velhos Nomes, Novos Talentos, onde é retratada a vida da cantora Carmélia Alves ícone da MPB. Nesse filme interpretada pela atriz Tatiana Kleine. Direçao de Dimas Oliveira Junior. 2016/SP

Em 2023, Carmélia Alves, aclamada como “rainha do baião”, completaria um século de vida. A cantora carioca, falecida em 2012, elevou a influência nordestina na música brasileira em seu apogeu nas décadas de 1940 e 1950, deixando uma discografia marcada por uma rica variedade de ritmos.

♪ MEMÓRIA – No reinado do baião, Luiz Gonzaga (1912–1989), o cantor, compositor e sanfoneiro pernambucano, foi aclamado como o “rei” do gênero, sendo uma das figuras mais influentes da música nordestina entre o final dos anos 1940 e início dos anos 1950, período em que o baião rivalizava em popularidade com o samba.

Carmélia Alves Curvello (14 de fevereiro de 1923 – 3 de novembro de 2012), conhecida como a “rainha do baião”, nasceu no Rio de Janeiro, filha de um cearense e uma baiana. Criada em Petrópolis, ela honrou suas raízes nordestinas ao longo de uma carreira iniciada no final dos anos 1930. Em 1941, consolidou-se como cantora de rádio na Mayrink Veiga e crooner do prestigiado Copacabana Palace.

Nomeada “Rainha do Baião” pelo próprio Gonzaga, Carmélia Alves deveria ser celebrada neste 14 de fevereiro, quando seu centenário se completa, pela grande contribuição à música brasileira.

Embora sempre lembrada pelo baião, gênero promovido por Gonzaga, Carmélia deixou um legado musical que abrange frevo, marchas, samba, samba-enredo e até bossa nova, gênero que explorou em um álbum de 1964, época em que o acordeom começava a ceder espaço ao violão.

Essa diversidade sonora é, em parte, inspirada pela influência de Carmen Miranda (1909–1955), cuja vibrante presença marcou a música dos anos 1930 e também moldou a jovem Carmélia.

Com mais de 80 anos desde seu início, a carreira discográfica de Carmélia Alves começou em 1943, com o lançamento de um single pela gravadora Victor. Porém, foi na gravadora Continental que sua trajetória no mundo dos discos realmente decolou, destacando-se pela rapidez vocal e clareza na interpretação.

Sua proximidade com o baião foi intensificada pela amizade com Humberto Teixeira (1915–1979), parceiro de Gonzaga, que teve grande influência sobre seu repertório.

A mezzo-soprano emprestou sua voz aos grandes sucessos de Gonzaga e Teixeira, muitos reunidos em seu primeiro álbum, lançado em 1956 pela gravadora Copacabana.

Assim como outras cantoras da época, Carmélia Alves também brilhou nas telas de cinema, aparecendo em filmes como Tudo Azul (1952) e Carnaval em Caxias (1954), interpretando ela mesma.

Embora sua fama tenha diminuído a partir dos anos 1960, Carmélia Alves viveu um renascimento nos anos 1990, quando se juntou ao grupo As Eternas Cantoras do Rádio, ao lado de outras divas como Nora Ney e Zezé Gonzaga.

Em cada apresentação, Carmélia Alves reafirmava sua identidade como a voz dos ritmos nordestinos, e ainda que tenha gravado em variados estilos, sua habilidade com o baião garantiu seu lugar definitivo na história da música brasileira.

Capa do primeiro álbum de Carmélia Alves, editado em 1956 — Foto: Reprodução
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